A Parábola do Sapo Surdo

Certa noite, ao revisar o conteúdo abordado em sala de aula, minha filha de 9 anos me conta a história do sapinho surdo e as respostas que ela descreveu na sua interpretação de texto.

Duas me chamaram muito a atenção…

Qual lição tirou dessa parábola?

“Que às vezes precisamos ouvir os outros, e às vezes não.“

Qual sapo você gostaria de ser?

“O sapinho surdo que não desistiu.“

Num contexto lógico, meu desejo foi de corrigir que não devemos ouvir o outro e seguir somente a sua intuição. Também em não ser o sapinho deficiente, que só conseguiu por ter uma deficiência.

Mas ao refletir aos olhos de uma criança, sem julgar a experiência adulta de hoje, percebemos que acabamos sendo egoístas quando tentamos lhes dizer: não ouça o outro.

Uma forma diferente de interpretar

Conversamos um pouco sobre a parábola e fiz a imaginar que estava em seu lugar: sendo surdo, como o sapinho. Tampei lhes suas pequeninas orelhas e conversei com ela.

Também a fiz ser aquele sapinho no buraco. Peguei sua comida preferida e falei dos males (literalmente destruí o conceito de comida gostosa), pedi para comer e negou. Depois falei de seus nutrientes e a fiz imaginar sentir o gosto delicioso, ela mudou de ideia.

Então, como terceira parte da etapa, pedi para que ela falasse mal do meu cabelo, ela vacilou. Comecei então, dizendo que estava seco, sem cor, feio, e ela conseguiu continuar (efeito manada?). Depois falei para elogiá-lo, ela confessou que foi bem mais fácil.

E por fim, ela entendeu que o sapinho do buraco, sem deficiência alguma, era como a ela.

Um olhar à educação escolar

Pequenas histórias chegam às escolas para incentivar a superação. Porém percebo que professores seguem um script lógico da “moral da história” porque é mais fácil e está no livro.

Portanto, pais e educadores, abrir a mente para infinitas possibilidades não é tirá-la do caminho do correto. Aliás, de todos desta história, não existe um certo…

• A deficiência é natural, um dom de Deus. Não deve ser julgada e a inclusão se torna mais que necessária.

• As pessoas são influenciadas pelos outros, seja pelos colegas, familiares, televisão ou Internet.

• Os outros não conhecem versões diferentes daquelas que nunca viram, até vivenciar (porque atualmente o ceticismo está no topo).

Todos saem aprendendo. Todos nós, em diversas fases, somos algum dos sapinhos acima.

Portanto, que essa reflexão nos traga um tantinho mais de entendimento sobre o processo educacional que vivemos, e sua interpretação em pequenas coisas que podem refletir na vida adulta de seu filho ou aluno.